1910 – De Missão da Fé Apostólica a Assembleia de Deus

A origem das Assembleias de Deus no Brasil está no fogo do reavivamento que varreu o mundo por volta de 1900, início do Século XX, especialmente na América do Norte. Os participantes desse reavivamento foram cheios do Espírito Santo da mesma forma que os discípulos e os seguidores de Jesus durante a Festa Judaica do Pentecostes, no início da Igreja Primitiva, conforme está escrito em Atos 2. Assim, eles foram chamados de “pentecostais”. 

Exatamente como os crentes que estavam no Cenáculo, os precursores do reavivamento do Século XX falaram em outras línguas que não as suas originais quando receberam o batismo no Espírito Santo. Outras manifestações sobrenaturais tais como profecia, interpretação de línguas, conversões e curas também aconteceram.

Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará, em 19 de novembro de 1910, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da Humanidade e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. As igrejas existentes na época – Batista de Belém do Pará, Presbiteriana, Anglicana e Metodista - ficaram bastante incomodadas com a nova doutrina dos missionários, principalmente por causa de alguns irmãos que se mostravam abertos ao ensino pentecostal. A irmã Celina de Albuquerque, na madrugada do dia 18 de junho de 1911, foi a primeira crente a receber o batismo no Espírito Santo, o que não demorou a ocorrer também com outros irmãos. 

O clima ficou tenso naquela comunidade, pois um número cada vez maior de membros curiosos visitava a residência de Berg e Vingren, onde realizavam reuniões de oração. Resultado: eles e mais dezenove irmãos acabaram sendo desligados da Igreja Batista. Convictos e resolvidos a se organizar, fundaram a Missão de Fé Apostólica em 18 de junho de 1911, que mais tarde, em 1918, ficou conhecida como Assembleia de Deus.

O Primeiro Batismo no Espírito Santo
Ao crer na doutrina pentecostal pregada pelos dois missionários, em 2 de junho de 1911, na Rua Siqueira Mendes, 67, na cidade de Belém, Celina de Albuquerque, membro da Igreja Batista de Belém, enquanto orava, foi batizada no Espírito Santo. 

O fato teve repercussão imediata na Igreja Batista. Havia aqueles que aceitavam o batismo no Espírito Santo e aqueles que eram contrários à nova doutrina. Em 13 de junho, numa terça-feira, foram excluídos 13 membros da igreja: José Plácido da Costa, que ocupara o cargo de moderador da igreja até aquela sessão; Manuel Maria Rodrigues, ex-secretário; José Batista de Carvalho, ex-tesoureiro; Antonio Mendes Garcia, todos estes diáconos; Lourenço Domingos; João Domingos; Maria dos Prazeres Costa; Maria Pinto de Carvalho; Alberta Ribeiro Garcia; Manuel Rodrigues Dias; Jerusa Rodrigues. O secretário da igreja depois de anotar esses nomes, deixou para o fim os nomes de Celina Cardoso de Albuquerque e Maria de Jesus Nazaré, que, ao mencioná-los, fez chamando-as de “as profetisas”, e os de Gunnar Vingren e Daniel Berg.


Sob a liderança dos missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg, os crentes batistas que aceitavam a doutrina pentecostal foram convocados a comparecer à casa onde se instalava a congregação batista na Cidade Velha, à Rua Siqueira Mendes nº1-A, residência da irmã Celina Albuquerque, para se reunir no dia 18 de junho de 1911, num domingo. Presentes estiveram onze irmãos excluídos no dia 13 daquele mês, da Igreja Batista, tendo faltado os irmãos Lourenço Domingos e Alberta Ribeiro Garcia. Compareceram, porém, três membros da igreja que não estavam excluídos, que foram Henrique Albuquerque, esposo de Celina; Maria Piedade da Costa, esposa de Plácido e Emília Dias. Além destes, foram arrolados mais quatro irmãos da referida congregação, cujos nomes são os seguintes: Joaquim Silva, Tereza Silva de Jesus, Izabel Silva e Benvinda Silva, todos de uma mesma família. Os três que ainda eram membros da Igreja Batista só foram excluídos no dia 12 de julho depois de que a mesma tomou conhecimento da posição assumida por eles. Quanto aos quatro congregados, não cabia a igreja discipliná-los porque não eram membros da igreja. Ao todo eram 18 pessoas para o início da Missão da Fé Apostólica.

I – Começa a Missão da Fé Apostólica
A partir de 18 de junho de 1911, as igrejas pentecostais que iam sendo iniciadas no Pará, começando pela que se reunia na casa de Henrique e Celina Albuquerque, à Rua Siqueira Mendes 67, Cidade Velha, em Belém, passaram a ser chamadas pelo nome Missão da Fé Apóstolica.


Em 25 de outubro de 1914, chegaram a Belém do Pará os suecos Otto e Adina Nelson, procedentes dos Estados Unidos, para se juntarem a Vingren e Berg.

Em 8 de novembro de 1914, a igreja, que se reunia na Av. São Jerônimo, 224, seu segundo, endereço depois da casa de Celina Albuquerque (nesta casa se reuniram por mais ou menos três meses) se mudou para a Travessa 9 de janeiro, 75.



Em 18 de agosto de 1916, chegaram a Belém os suecos Samuel e Lina Nyström, os primeiros missionários oficialmente enviados pela Igreja Filadélfia de Estocolmo.



Em 3 de julho de 1917, Frida Vingren chegou a Belém, como missionária também enviada pela Igreja Filadélfia de Estocolmo.

II – Registrada a primeira “Assembleia de Deus”
Em 11 de janeiro de 1918, Gunnar Vingren registrou o Estatuto da Igreja no Cartório de Registro de Títulos e Documentos do 1º ofício, em Belém, no Livro A, Nº 2, de Registro Civil de Pessoas Jurídicas e outros papéis, número de ordem 131.448, sob o nome “Estatuto da Sociedade Evangélica Assembléa de Deus”, número de ordem 21.320, do Protocolo Nº 2.

Os extratos do Estatuto foram publicados no Diário Oficial do Estado do Pará, sob nº 766524.

Com esse registro, a igreja começou a existir legalmente como pessoa jurídica adequando-se aos Artigos 16 e 18 do primeiro Código Civil Brasileiro que acabara de entrar em vigor em 1º de janeiro de 1917.

III – Primórdios no Pará
Os primeiros lugares no Pará que receberam a mensagem pentecostal foram: Soure e Mosqueiro, na Ilha de Marajó (Daniel Berg, 1911); Bragança (Daniel Berg, 1912); Xarapucu e Catipuru (Daniel Berg, 1913); Estrada de Ferro Belém-Bragança, Igarapé-Assu, Benevides, Capanema, Timboteua, Peixe-Boi e Bragança (Clímaco Bueno Aza, 1913); Ilha Caviana (Daniel Berg, 1914); Afuá, Ilha de Marajó (Gunnar Vingren e Daniel Berg, 1914); São Luís do Pará (1915); Assaisal (Bonito) (Joaquim Amaro do Nascimento, Francisco Santos Carneiro e João Paraense, 1919); e vários outros lugares foram sendo visitados pelos primeiros missionários e crentes da AD de Belém.

IV – Primórdios fora do Pará
Os primeiros lugares fora do Pará que receberam a mensagem pentecostal foram: Uruburetama, CE (Maria de Nazaré, 1914); Maceió, AL (Gunnar Vingren, 1914; Otto Nelson, 1914); Campina Grande, PB (Manoel Francisco Dubu, 1914; Felipe Nery Fernandes, 1922); Roraima (Cordulino Teixeira Bastos, 1915); Manaus, AM (Severino Moreno de Araújo, 1917); Macapá, AP (Clímaco Bueno Aza, 1916); Recife (Adriano Nobre, 1916); Natal, RN (Pregadores de nomes desconhecidos e Adriano Nobre, 1918); João Pessoa, PB (Francisco Félix e esposa, 1920); Rio de Janeiro, RJ (Gunnar Vingren, 1920, 1923; alguns crentes do Pará, 1923); Santos, SP (Gunnar Vingren, 1920; crentes de Pernambuco,1923; Daniel Berg, 1924); Tubarão, SC (Gunnar Vingren, 1920); Criciúma, SC (Gunnar Vingren, 1920); Itajaí, SC (Gunnar Vingren, 1920); São Paulo, SP (Gunnar Vingren, 1920, 1923; Daniel Berg, 1927); São Bernardo, SP (Gunnar Vingren, 1920); São Luís, MA (Clímaco Bueno Aza, 1921); Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, noroeste de Mato Grosso (Paul John Aenis, 1922; Elói Bispo de Sena, 1923); Porto Velho (RO) (Paul John Aenis, 1922); Vitória, ES (Galdino Sobrinho e esposa, Daniel Berg, 1922); Fortaleza, CE (Antonio Rêgo Barros, 1922); Niterói, RJ (Heráclito de Menezes, 1923); Porto Alegre, RS (Gustav Nordlund, 1924); Canavieiras, BA (Joaquina de Souza Carvalho, 1926); Belo Horizonte, MG (Clímaco Bueno Aza, 1927); Aracaju, SE (Sargento Ormínio, 1927); Teresina, PI (Raimundo Prudente de Almeida, 1927) e Curitiba, PR (Bruno Skolimowski, 1928); Itajaí, SC (André Bernardino da Silva, 1931); Cruzeiro do Sul, AC (Manoel Pirabas, 1932); Goiânia, GO (Um grupo de crentes da AD de Madureira, RJ, deu início à AD de Goiânia em 1936 e Antônio Moreira, então diácono da AD de Madureira, foi enviado por Paulo Leivas Macalão para fundar a igreja.); Cuiabá, MT (Eduardo Pablo Joerck, 1936); Rio Branco, AC (Luís Firmino Câmara, 1943); e Campo Grande, MS (Juvenal Roque de Andrade, 1944).

V – Começa a imprensa pentecostal
As primeiras publicações da AD, que antecederam o jornal Mensageiro da Paz, foram o jornal “Voz da Verdade” (1917 a 1918), por Almeida Sobrinho e João Trigueiro da Silva; o jornal “Boa Semente” (1919 a 1930), por Gunnar Vingren e Samuel Nyström; e o jornal “O Som Alegre” (1929 a 1930), por Gunnar Vingren.

VI – Primeiros hinários
Também em 1917, a AD de Belém (PA) imprimiu o seu primeiro hinário que ficou pronto no dia 6 de outubro e continha 194 hinos e cânticos. Em 1922, era publicada no Recife a primeira edição da Harpa Cristã, que passou a ser o hinário oficial das Assembléias de Deus. 



Fonte: Mensageiro da Paz
Via: Editora CPAD  
1910 – De Missão da Fé Apostólica a Assembleia de Deus 1910 – De Missão da Fé Apostólica a Assembleia de Deus Reviewed by Jó Souza on quinta-feira, maio 28, 2015 Rating: 5

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